Coreia do Sul é o motor noturno da bitcoin

Para uma Inteligência Artificial melhor, Partilha.

A crise política na Coreia do Sul teve impacto na cotação da bitcoin. Há razões para isso A Coreia do Sul é um dos países mais bem conectados do mundo. Tem das melhores redes de cobertura, o que alia à maior velocidade de ligação. É portanto fidedigno dizer que, na Coreia do Sul, a informação chega mais rápido ao destino - e que chega a todos os destinos.

O país asiático é praticamente do tamanho de Portugal, mas comporta uma população semelhante à de toda a Península Ibérica. Não vou cometer a ousadia de comparar o PIB dos dois países, sob pena de gerar depressões, mas vou adiantar que os sul-coreanos adoram criptos!

Sem que muitos se dessem conta, o número das transações diárias do mercado das criptos na Coreia do Sul ultrapassou a do mercado de ações. É um dado impressionante, se considerarmos que o mercado de ações inclui pesos pesados como LG, Samsung e Hyundai.

As criptos na Coreia do Sul já não uma brincadeira. São um ativo de muita relevância na combinação económica do país.

O presidente decretou aquela que foi provavelmente a lei marcial mais rápida de sempre e que durou apenas meio dia, mas o anúncio da mesma foi suficiente para fazer tombar os mercados e, ainda mais, a bitcoin , ethereum, XRP e muitas outras criptos. Foi sol de pouca dura mas mostrou a vulnerabilidade política das criptos. Se algo ainda tem caracterizado o mercado das criptos é o facto delas reagirem quase sempre de forma mais drástica quando se verificam contextos disruptivos.

As criptos têm tido uma reação imediata aos acontecimento, sendo que normalmente recuperam desses mesmos picos ou fossas. Aconteceu na Ucrânia, aconteceu no Médio Oriente, e acontece agora na Coreia do Sul. Esta reação mais abrutalhada quer dizer que os mercados cripto estão muito ativos mas também que estão mais ligados do que o que se pensava à economia tradicional.

Em princípio, estas ações de incerteza deveriam impactar positivamente na bitcoin. Isto porque os defensores da dita argumentam fortemente que a bitcoin é uma reserva de valor universal e portátil e, como tal, à prova de catástrofes políticas ou outras. Aparentemente, não está a ser usada como tal, ou então as crises recentes teriam catapultado a bitcoin, tal como aconteceu no ouro.

O facto é que, até ao momento, a única catapulta visível foi mesmo a vitória de Trump.

Com 85% da população ligada a redes sociais (mais do que em qualquer país na Europa e na América do Norte), a informação acerca da lei marcial disparou à velocidade da luz e os sul-coreanos simplesmente carregaram no “botão vermelho” das suas plataformas cripto. Venderam, atirando a bitcoin para um buraco por um curto espaço de tempo.

A Coreia do Sul assumiu muito cedo as criptos. Quem está na área sabe que, durante a nossa noite, são os coreanos que conduzem o mercado cripto e criam aqueles “gaps” matinais que nos fazem acordar com as pulsações a 130 por minuto, ou porque estão a cair muito… ou porque estão a subir muito. A bitcoin não é só Estados Unidos, a Bitcoin também é Ásia.

Um outro dado curioso tem a ver com o último ranking publicado pela Chainalysis, dos 20 países com maior implementação das criptos: a Coreia do Sul, apesar do impacto notório na dita, está apenas no 19 lugar.

A Índia é o primeiro seguido da Nigéria, Indonésia, Vietname e Estados Unidos. Guardarei o sexto lugar para um próximo artigo…Porventura vai ficar surpreendido/a!

Espero que tal não signifique que perderemos este comboio tecnológico, porque a Europa tem de facto estado muito adormecida no que diz respeito às criptos. Temos a Suíça sorrateiramente a trabalhar fortemente no tema, incluindo a regulamentação para a mineração, e pouco mais. A Coreia do Sul tem fortes ambições e quer verdadeiramente subir nos rankings cripto – e é claro que vislumbra um enorme mercado. Como sem leis não há criptos, a Coreia do Sul protelou recentemente a lei que taxaria os ganhos com criptos a partir de Janeiro de 2025, empurrando-a para 2027. É um forte sinal político para muitos dos investidores e ainda mais porque a grande parte deles são bastante novos.

Cerca de 50% dos trabalhadores entre os 30 e os 39 anos afirmaram, já em 2021, que haviam investido em criptos. Abaixo dos 20 anos foram 37%! Estes números mostram bem o quanto a juventude (já lhes chamei “miúdos”) vê nas criptos parte do seu futuro.

Pode ser um sinal fabuloso de que os jovens encontraram uma tecnologia nova para gerarem a sua riqueza. É cada vez mais claro que a “velha” economia não tem chegado aos jovens na maioria dos países – e talvez ainda mais em Portugal -, mas os governantes sul-coreanos estão a deixar os jovens tentar encontrar as chaves do seu destino.

Artigo de opinião publicado na CNN, veja aqui

Aviso Legal Essencial:

O conteúdo presente neste artigo e em todo o site Strategicist.com é fornecido exclusivamente para fins opinativos, educativos e informativos. As visões e análises expressas refletem apenas a perspetiva do(s) autor(es) e são baseadas em observações e interpretações de mercado, que são inerentemente subjetivas e passíveis de alteração.

Mais do que performance ou crítica, o conteúdo deste site tem como foco a análise de estratégia e apresentação de algumas estratégias alternativas, que podem em alguns momentos ser tidas como especulativas.

Este material não constitui, em nenhuma circunstância, aconselhamento financeiro, recomendação de investimento para comprar, vender ou manter quaisquer valores mobiliários ou criptoativos, nem orientação financeira personalizada. Não somos consultores financeiros e não estamos autorizados a prestar assessoria de investimentos.

Antes de tomar qualquer decisão financeira ou de investimento, é crucial que realize a sua própria investigação aprofundada e consulte um profissional financeiro qualificado, que poderá avaliar o seu perfil, objetivos e tolerância ao risco.

Alertamos que desempenhos passados, dados históricos ou simulações não são indicadores nem garantia de resultados futuros. Os mercados financeiros são dinâmicos e sujeitos a riscos significativos, incluindo a potencial perda total do capital investido.

utilização das informações disponibilizadas neste site é de inteira responsabilidade do leitor, que deve sempre exercer o seu próprio julgamento crítico.

Para uma Inteligência Artificial melhor, Partilha.

Bernardo Mota Veiga

Bernardo Mota veigaStrategicist

*língua original deste artigo: Português

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *