Um cromo imaculado de Ronaldo chegou a esse valor passados 20 anos, num leilão de 2022 em New Jersey; já a bitcoin chegou a esse valor passados 14 anos desde que tocou os 10 cêntimos pela primeira vez. Ganhou por agora a bitcoin mas há ainda outro especto em comum: só foram produzidos 200 cromos de Cristiano Ronaldo e quase todos estarão colados nas cadernetas…e também “só” serão produzidos 21 milhões de bitcoins. Não haverá mais: That´s it!
A primeira transação em bitcoins aconteceu em princípios de 2010, quando um “bitcoiner” conseguiu a enorme façanha de comprar duas pizas pagando em bitcoins. Deu na altura 10 000 bitcoins, que eram facílimos de obter com um uma rede de computadores mais ou menos potente. Para dar uma ideia, na altura um PC a trabalhar à noite mineraria 50 bitcoins num par de dias. É caso para nos perguntarmos todos por que raio não fizemos o download da aplicação e nos pusemos a minerar, mas adiante.
O que o “pizzaiolo” não sabia é que nesse mesmo dia em que recebeu as suas bitcoins como pagamento, lhe bastaria ir à Pizaria, fechar tudo, desligar o quadro da luz e fechar a torneira da água do gás, e ir para casa, estender-se no sofá e esperar. O senhor era aquilo que os degens* hoje chamam de um “pre-rich”. Hoje essas 10 000 bitcoins valem cerca de 800 milhões de euros. Foram 57 milhões de euros por ano em 14 anos por duas pizas, e provavelmente assim será até ao fim dos seus dias.
Em 2018, a bitcoin andava pelos 5000 euros… e era caríssimo. Durante o Covid, em 2021, foi até aos 70 000 euros, tendo caído em novembro de 2022 para os 20 000 Euros… É volátil, o “bicho”, mas, digamos, 20 000 euros por uma bitcoin recém-criada e que poucos anos antes valia 0,1 euros é obra!
Hoje está na casa dos 80 000 euros e se em 2022 estava caríssimo então agora é mesmo uma loucura, certo? Errado! Provavelmente, muito errado!
A pergunta é: teria o ”pizzaiolo” aceitado três cromos do Ronaldo para pagar a piza? Provavelmente não, mas então porque aceitou as bitcoins?
A bitcoin não é dinheiro… a bitcoin é uma tecnologia e é uma tecnologia das boas e desenvolvida para gente boa. Existe um projeto por detrás das bitcoins, como existe por detrás de muitos dos projetos das imensas criptos que se criaram entretanto.
Estar longe de bitcoin hoje, é démodé! Não pelo facto de valer muito, mas pelo facto de representar muito do que virá.
Na bitcoin, o que menos interessa é mesmo a cotação, porque como qualquer tecnologia, quando o projeto é bom, o valor aparecerá mais cedo do que mais tarde. Esta subida do Bitcoin foi uma surpresa para alguns, mas não para todos, como a descida do mesmo em 2022 não foi uma surpresa para os que se fartaram de comprar nessa altura, mas sim para os que venderam.
Por isso, hoje há que esteja refastelado no sofá a ver o filme bitcoin e esses estão a visionar o futuro, seja com a bitcoin, seja com outro ativo digital qualquer. E depois temos aqueles que estão alheados daquilo que pode vir a ser o que muitos chamam de ouro digital e que não representa mais do que a enorme revolução digital que está em curso.
Os bancos dizem que “não se deve investir naquilo que não se conhece”, mas a mim parece-me cada vez mais que bitcoin já não é sequer um investimento, mas sim um consumível de primeira necessidade. Quem tem, tem, quem não tem…terá!
*Nota do editor: degens, palavra do jargão das criptomoedas, abreviação de degenerate/degenarados, refere.se a investidores em bitcoin de elevado risco e pouco conhecimento do mercado ou da moeda.
Artigo de opinião publicado na CNN, veja aqui
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