Tática Taylor Swift: investir em bitcoin sem ter bitcoin

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O primeiro álbum de Taylor Swift (Taylor Swift, 2006) foi um enorme sucesso nos Estados Unidos. O segundo álbum “Fearless,2008” que ganhou o Grammy para o álbum do ano em 2009, também. Foi neste mesmo ano que Kanye West invadiu o palco após a vitória de Taylor Swift para melhor vídeo feminino do ano dos MTV awards, criticando a escolha e aclamando o vídeo de Beyoncé como o melhor de sempre. Taylor diz que ficou deprimida com o acontecimento, mas parece que isso já lá vai.

Seguiram-se mais álbuns: Taylor Swift tinha já conquistado os Estados Unidos, nomeadamente a audiência jovem, de forma surpreendente: Cantando a música da casa: A tal música country

Em 2014 Taylor Swift rebenta com tudo e muda de táctica: lança um álbum de rutura com ela própria! “Quando não tens concorrentes à altura, torna-te o teu melhor concorrente”: Em 2014 arranca das cadeiras o mundo com a sua brutal viragem para a música Pop. “Shake it Off” e “Blank Space”. Taylor Swift tinha deixado cair a “country música”!

Uma coisa é a estratégia, outra coisa é a táctica. O que é que a mudança da Taylor Swift tem a ver com as bitcoin? Nada, a não ser esta definição de estratégia versus táctica…Muitos aplicam o conceito no lado errado. A táctica é a forma como fazemos cumprir a estratégia, tal como a Taylor Swift usou diferentes táticas para fazer cumprir a sua estratégia de ser uma estrela global!

É fundamental, não só nos investimentos mas também na vida em geral (carreira, empresas, saúde, investimentos, etc…), sabermos desenhar a nossa estratégia só depois definirmos a tática que nos leve aos nossos objetivos estratégicos. Quem começa ao contrário, perde-se e “ferra-se”!

Quem considerar estratégico investir em bitcoin tem, portanto, diversas táticas que pode aplicar. Estas podem até coexistir e sobreporem-se.

A primeira é simplesmente abrir uma conta numa Exchange e simplesmente comprar bitcoin. Tenho usado o termo “Exchange” porque não vejo uma tradução única: podem ser plataformas, podem ser corretoras. Existem várias a operar em Portuggal. Esta solução é o “plain vanilla”, é simples, e quase sempre a preferida dos mais jovens, menos agarrados à banca tradicional. Nos bancos ainda não é possível comprar criptos, nomeadamente bitcoins.

Em artigos anteriores referi os investimentos em ETF (Exchange Traded Funds) de bitcoins. Neste caso, a exposição é praticamente direta. Digamos que a flutuação dos ETF está fortemente correlacionada com a cotação da bitcoin. Há ETFs para subida ou descida de bitcoin, ou seja, cujo ganho é calculado num ou noutro sentido dependendo do ETF que se escolha.

 Mas sabe quanto custava um megabyte (MB) em 2004? Entre 5 a 10 cêntimos. Agora, com esse valor consegue pelo menos 1 Gigabyte (1024 Megabytes), ou seja, 1024 vezes mais.

A Google, cotada em 2004, começou por ser um motor de busca, portanto, de forma simples, fazia a guarda e gestão de dados através de um algoritmo de busca.

Teria sido bom ter comprado um Megabyte em 2004, na altura em que um Megabyte era quase uma novidade? Talvez não, porque hoje valeria uma quase infinidade menos, mas comprar a empresa que se especializou na gestão desses megabytes pode ter sido um bom investimento. A Google foi cotada pelo valor de 23 mil milhões de dolares.  Hoje, a Goggle vale aproximadamente dois biliões (milhões de milhões), ou seja, aumentou cerca de 90 vezes o valor inicial.

10 000 euros investidos na altura dariam hoje 900 000 euros. Atualize o valor do dinheiro, desconte inflação, custódia etc…e dá uma valorização brutal em 20 anos!

Imagino que imagine onde eu quero chegar!

 A bitcoin é uma tecnologia, como já tenho escrito. Mas, sendo uma tecnologia, a questão é mais decidir se será mais vantajoso investir nessa tecnologia ou investir naqueles que exploram essa tecnologia. Ou seja: qual será a melhor tática para extrair valor da bitcoin?

O Exemplo da Google pode até nem ser o melhor. Poderia trazer a Tesla, Facebook, Microsoft, etc…, mas já que a bitcoin se minera, vejamos o que se passou com o ouro: uma das primeiras empresas cotadas foi a Newmont Corporation. Não é fácil ir até ao momento da sua fundação, mas com a ajuda de IA consegui aferir que a sua capitalização em 1927 seria por volta de 50 milhões de dólares. Esse valor. atualizado a uma inflação de 3%, seria hoje de 880 milhões. Mas hoje, a empresa vale cerca de 50 mil milhões.

O ouro em 1927 cotava a cerca de 20 dólares a onça, o que atualizando à mesma inflação daria 363 dólares. Mas o ouro está hoje a 2600 dólares.

 Ou seja: desde 1927, o ouro valorizou menos de 10 vezes enquanto a empresa valorizou 50 vezes.

 Não existe tática perfeita para todos mas existe a melhor tática para cada um

 Neste momento existem 4 grandes grupos de empresas cotadas e fortemente ligadas à bitcoin:

  • empresas que se dedicam a minerar bitcoins (Mineradoras)
  • Empresas que se dedicam a intermediar transações de bitcoins e outros tokens (Exchanges)
  • empresas que se dedicam a armazenar bitcoins e emitir outros produtos financeiros com base nesses mesmos bitcoins (Armazenadores).
  • empresas de hardware/software nomeadamente empresas ligadas à Inteligência Artificial, mas como esta ligação ainda é de certa forma futurista, virei aqui mais tarde.

Existe logo uma enorme diferença nesta abordagem: não estamos a investir no ativo em si mas sim em empresas cujo desempenho dependerá enormemente da evolução da penetração e valorização do ativo bitcoin. Claro que não é garantido que estar numa empresa do sector resulte em mais proveitos do que investir na bitcoin, como também não é linear que o risco seja menor – mas o risco existe tanto para quem investe num produto novo como a bitcoin como para quem investe em quem explora, intermedeia ou produz essa bitcoin. Há risco! Há muito risco!

A recente quebra da cotação da bitcoin, que por sinal também arrastou outras criptos, retirou imenso valor a muitas dessas empresas. Algumas não se aguentaram, outras estiveram na corda bamba e tiveram de ser resgatadas de urgência, mas ainda assim acho que existe de facto um racional tático para investir em diferentes degraus da cadeia de valor da Bitcoin.

Esta solução pode ser especialmente interessante para quem considere complexo investir na bitcoin abrindo conta, criando wallets, etc…

 Para dar alguns exemplos de como se comportou o sector:

  • a bitcoin subiu cerca de 150% nos últimos 12 meses e 1100% nos últimos 5 anos
  • a mineradora Cleanspark valorizou cerca de 300% em 12 meses e 100% em 5 anos

Ou seja, perdeu bastante para a bitcoin em termos de performance a 5 anos, mas parece estar a competir na atual conjuntura de subida rápida da bitcoin

  •  a Exchange Coinbase valorizou cerca de 233% nos últimos 12 meses e -19% nos últimos 5 anos

Ou seja, tal como a Cleanspark, tem atualmente uma performance melhor do que a bitcoin, mas no prazo a 5 anos, a bitcoin foi muito melhor

  •  a “acumuladora de bitcoins” Metaplanet valorizou 11629% nos últimos 12 meses e 1600% nos últimos 5 anos (sendo que a sua decisão de acumular bitcoins aconteceu há menos de 12 meses).

Cada uma no seu sector, é notória a dependência destas empresas face à cotação da bitcoin. Em períodos maus da bitcoin, a sua cotação caiu bastante, mas na atual conjuntura da bitcoin a aproximadamente 100 000 dólares, é clara a resposta dos títulos.

É importante aqui dizer que enquanto algumas empresas estão exclusivamente expostas ou ligadas à bitcoin, outras estão ligadas às criptos no geral ou seja: é importante, antes de mais, sabermos se confiamos nas criptos ou se confiamos no Bitcoin ou em ambas ou em nenhuma. É, por exemplo, meu entendimento que a Bitcoin é diferente de todas as outras (sobretudo no enquadramento em termos de regulação) e como tal invisto com base nesta premissa a fim de gerir o meu risco.

Claro que tratando-se de investir numa empresa e não na bitcoin em si, haverá outros fatores a considerar, nomeadamente a eficiência da empresa naquilo que se propõe fazer: minerar, intermediar ou simplesmente comprar e guardar para, por exemplo, gerar outros produtos.

Tal como não é linear que as ações de um fabricante de chips ou de telemóveis subam quando o mercado de chips ou de telemóveis sobe, também não é linear que todas as empresas que “toquem” a bitcoin de alguma forma se transformem imediatamente em ouro qual Midas, mas certo é que é possível estar exposto com ou sem bitcoins na mão. Investir em ações ligadas à Bitcoin é exatamente o mesmo que investir noutras ações qualquer.

 Ainda há mais soluções, mas esta forma de investir em empresas do sector é uma forma de ultrapassar alguns receios de quem não sabe como investir em Bitcoins mas sabe que não quer estar muito longe dos Bitcoins.

Fico por ora por aqui, lembrando que não há boa estratégia sem uma boa táctica.

Artigo de opinião publicado na CNN, veja aqui

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Bernardo Mota Veiga

Bernardo Mota veigaStrategicist

*língua original deste artigo: Português

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