Trump vs Musk: o novo mercado de soma nula

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Quando a volatilidade emocional supera os gráficos e os algoritmos, o investidor inteligente olha para o X — não para o Excel.

Quando titãs colidem

O verniz estalou entre Elon Musk e Donald Trump. E quando dois gigantes se desentendem, os danos colaterais atingem todos — até quem não tem nada a ver com a rixa. O que se passou não é apenas um episódio pessoal. É um reflexo de como a economia, os mercados e a sociedade reagem a confrontos simbólicos entre figuras com verdadeiro poder transformador.

Musk acreditava que podia fazer a diferença nos Estados Unidos. Mas o sonho de Musk coincidia demasiado com o de Trump — ao ponto de o ideal de um se tornar no pesadelo do outro.

Dois líderes, dois modelos

Os mercados financeiros, como sempre, antecipam a realidade antes dela bater à porta da economia ou da política. A tensão entre Musk e Trump já se sentiu nas bolsas — e com intensidade.

Musk, o homem mais rico do mundo, é mais do que um bilionário. É um realizador nato. Onde outros veem impossíveis, ele vê “vamos fazer”. Para Musk, não basta pensar — é preciso fazer: penso, logo executo.
Trump, por outro lado, representa o arquétipo do poder: não constrói com o saber técnico, mas com a força da autoridade. Prefere conquistar o trono primeiro — e só depois mandar fazer.

Ambos ambicionam marcar a História. Ambos querem redesenhar o mundo à sua imagem. Mas por caminhos diferentes. Por isso, o desalinhamento era previsível. E, infelizmente, destrutivo. Se se anularem mutuamente, o mundo perderá duas forças transformadoras.

Tesla: mais do que carros, um ecossistema

Este artigo não é sobre Trump. Nem sobre Musk. É sobre as bolsas — e sobre como os investidores reagem quando o barulho supera os fundamentos.

A Tesla tem sido vista por muitos como “só mais uma fabricante de automóveis”. Nada mais errado. A Tesla é uma utility do século XXI — uma empresa elétrica, energética e computacional global.
Carros? Sim. Mas também infraestruturas de carregamento, baterias, software, inteligência artificial, rede elétrica e integração de dados em escala mundial. A Tesla está a construir o tecido energético do futuro.

Mas desde janeiro, as ações da empresa têm mostrado comportamento volátil e frustrante, alimentado não só por fundamentos, mas sobretudo pela aura de Musk.
Ele era o “açúcar” que adoçava o “limão” — a Tesla.
E à medida que as opiniões políticas e as guerras pessoais se sobrepõem à visão tecnológica, muitos investidores começaram a rejeitar o futuro de Musk — não o da Tesla.

AST Spacemobile, Rocket Lab e o vácuo criado pela incerteza

Numa lógica de mercado de soma nula, há sempre quem beneficie da instabilidade. A Rocket Lab e a AST SpaceMobile são hoje os beneficiários de um “efeito Heisenberg” emocional: ninguém sabe ao certo a posição nem a velocidade das ações, mas todos estão a reagir ao ruído.

Quando Musk anunciou (e depois desmentiu) que a SpaceX poderia descontinuar os seus lançadores, a Rocket Lab viu as suas ações dispararem — não por mérito direto, mas por ausência de alternativa viável no curto prazo. É a única com capacidade para preencher o eventual buraco deixado por um Trump irritado com Musk.

Com a AST aconteceu algo semelhante. Muitos ainda não percebem que a SpaceX é, na prática, uma empresa de transportes: leva pessoas e dados de A a B. Através dos seus satélites, a Starlink criou uma verdadeira nuvem espacial. A AST também faz isso — por meios diferentes, mas com o mesmo objetivo: conectividade global. E os investidores estão atentos.

Ambas têm visto a subida diária das suas ações coladas aos dois dígitos. Até quando?

Adeus análise técnica. Olá, análise emocional.

Estamos a assistir ao fim dos mercados tecnocratas — pelo menos por agora. Antecipar a cotação de uma ação com base em linhas de tendência ou padrões gráficos tornou-se quase um exercício poético. A volatilidade social superou a técnica.
Hoje, os mercados reagem mais a um post no X do que a um guidance trimestral. Um tweet errado pode deitar por terra semanas de racionalidade.

O investidor que quiser compreender este novo paradigma tem de mudar a lente: não se trata de ser mais técnico, mas mais lógico.
Mais atento ao que se diz — e a quem o diz.

Ignorar para sobreviver

Musk e Trump não precisam de se amar. Mas talvez precisem de se ignorar. Para bem de ambos — e de todos nós.
Vivemos num tempo em que a emoção dos líderes redefine os preços do mercado. E quando isso acontece, a inteligência emocional passa a ser a principal ferramenta do investidor.

Num mundo de ruído, o silêncio entre titãs pode valer mais do que ouro.

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Bernardo Mota Veiga

Bernardo Mota veigaStrategicist

*língua original deste artigo: Português

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